Ambientalistas alemães alertam para perigos do aumento no consumo de carne



Ambientalistas alemães alertam que o aumento mundial do consumo de carne contribui para a destruição do meio ambiente e prejudica a população mais pobre. Segundo um estudo preparado pela organização Bund, a Fundação Heinrich Böll, ligada ao Partido Verde alemão, e o jornal francês Le Monde Diplomatique, até meados deste século, agricultores e empresas agrícolas em todo o mundo terão que aumentar sua produção dos atuais 300 milhões para 470 milhões de toneladas de carne para satisfazer a demanda global.
O Fleischatlas ("Atlas da carne"), divulgado na quinta-feira (09/01), é uma coletânea de dados sobre o consumo e a produção de carne no mundo. Através de estatísticas, textos e gráficos, o documento, publicado pelo segundo ano seguido, busca alertar para os efeitos colaterais do crescimento dessa indústria.
A publicação aponta que, enquanto na Europa e nos Estados Unidos o consumo de carne vem estagnando, nos países emergentes ele aumenta – impulsionado sobretudo pela crescente classe média.


Produção em massa: antibióticos e hormônios são ameaça à saúde humana

Até 2022, cerca de 80% do crescimento no setor serão originados dessas economias, principalmente na Ásia. Também no Brasil e na África do Sul − integrantes dos chamados países Brics, juntamente com Rússia, Índia e China −, a demanda deve subir em ritmo constante.
Para poder saciar a demanda e alimentar os animais, só a produção de soja teria que ser quase duplicada, passando dos atuais 260 milhões de toneladas para 515 milhões de toneladas. Esse desenvolvimento pode acarretar um aumento do desmatamento de florestas para ampliação de espaços destinados a pecuária ou a monoculturas de grãos para produção de ração animal.

Danos ao meio ambiente

As consequências são, de acordo com os autores do estudo, uma produção de carne em grande escala que provoca, cada vez mais, efeitos colaterais indesejados, como uso abusivo de antibióticos e de hormônios de crescimento. O texto também alerta para um crescente uso de terras aráveis ​​para a produção de ração animal, o que reduziria as áreas destinadas à plantação de alimentos, causando, consequentemente, um aumento do preço de produtos da cesta básica.
"Cerca de 70% das áreas cultiváveis no mundo já são utilizadas para o plantio de ração animal", critica a especialista da Bund Reinhild Benning. O estudo observa que essas áreas poderiam ser utilizadas mais eficientemente para produzir alimentos para pessoas.



Fonte: DW

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