Índice de Qualidade das Águas sobe em Minas, mas despejo de esgoto ainda é alto

Bacias monitoradas pelo Igam registram melhoria no índice de qualidade, mas taxa de contaminação preocupa, principalmente por dejetos domésticos e industriais. Essa é uma das conclusões do Mapa de Qualidade das Águas, lançado nessa quinta-feira em Belo Horizonte pelo Instituto de Gestão das Águas (Igam), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). De acordo com a diretora-geral do instituto, Marília Melo, houve melhoria no Índice de Qualidade das Águas (IQA) das bacias hidrográficas mineiras nos últimos três anos. 



“A ocorrência de IQA bom passou de 18% (2011) para 32% (2013), o que representa aumento de 77%”, informou a diretora-geral durante reunião do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Mesmo com dados positivos, a situação preocupa ambientalistas e autoridades. Conforme um dos gráficos do documento, houve aumento da categoria “ruim”, que passou de 19% (2012) para 20% (2013), e também da “muito ruim” – com aumento de 1% (2012) para 2% (2013). A contaminação por tóxicos (descargas industriais, metais pesados etc.) cresceu na categoria “alta”, subindo de 7% (2012) para 9% (2013). 

Na análise feita em 600 pontos de coleta das nove bacias hidrográficas, a que apresenta o maior índice de piora nos indicadores é a do Jequitinhonha, seguida do Rio Doce e Rio Pardo, na Região Leste, e Paranaíba, no Triângulo Mineiro. Marília explicou que o crescimento urbano no Vale do Jequitinhonha, área de transição de mata atlântica para o cerrado, levou ao desmatamento, ocupação do solo e atraiu atividades de silvicultura. “Manter a qualidade dos recursos hídricos é um desafio e é preciso que haja união de forças para vencê-lo”, afirmou Marília. 

O lado bom da história é que o Rio São Francisco está na lista dos que apresentam melhor IQA, embora, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, os afluentes sofram com os duros ataques da poluição. A lista de indicadores positivos ainda inclui o Paraíba do Sul, na divisa com o Rio de Janeiro, o Rio Grande e o Piracicaba, no extremo Sul de Minas.


Mas as melhorias observadas nessas bacias ainda não correm pelo leito de rios como o Sabará, que corta a tricentenária cidade de mesmo nome, a 19 quilômetros da capital. O curso d’água recebe esgoto in natura e, perto do Centro, lança a sujeira no Rio das Velhas, um dos principais tributários do São Francisco. Como se não bastasse o lançamento de dejetos sanitários, as avenidas que margeiam o Sabará têm muitos pontos de ônibus, de onde passageiros atiram lixo diretamente nas águas. O cheiro forte de esgoto incomoda. Grande quantidade de garrafas PET, embalagens e até latas de tinta descem com a correnteza e muitas ficam agarradas na vegetação ciliar. 

O Rio Sabará, na cidade de mesmo nome da Região Metropolitana de BH: rejeitos lançados diretamente em um dos principais afluentes do São Francisco, o Velhas
A grande quantidade de detritos carreados pela chuva deixou o curso assoreado, criando curvas que não existiam e desvios no leito original. “Antigamente tinha mais água no rio e por isso o esgoto que caía nele não o deixava tão fedorento. Hoje está muito pior, porque a cidade cresceu e ninguém respeita mais o rio”, disse pedreiro Fernando Firme do Carmo, de 54 anos, que cresceu acompanhando a degradação do manancial.

A Prefeitura de Sabará, via assessoria de imprensa, informa que desde 28 de agosto de 2012 a coleta de esgoto no município é de responsabilidade da Copasa. A estatal, por sua vez, adianta que o projeto para tratamento do esgoto coletado em Sabará se encontra em fase de estudos e que o compromisso assumido com a prefeitura é tratar todos o volume (32 milhões de litros por dia) em 2016.

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